terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os filhos que deixamos para o mundo + texto de referencia

 Somos as primeiras gerações de pais  decididos a não repetir com os
 filhos os erros de nossos  progenitores.
 E com o esforço de abolir os abusos do  passado, somos os pais mais
 dedicados e compreensivos mas, por outro  lado, os mais bobos e inseguros
 que já houve na história.
 O grave é que estamos lidando com  crianças mais ‘espertas’, ousadas,
 agressivas e poderosas do que  nunca .
 Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais  que queríamos ter,
 passamos de um extremo ao outro.
 Assim, somos  a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a
 primeira  geração de pais que obedecem a seus filhos…
 Os últimos que  tiveram medo dos pais e os primeiros que temem os filhos.
 Os  últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem
 sob o jugo dos filhos.
 E, o que é pior, os últimos que  respeitaram os pais e os primeiros que
 aceitam (às vezes sem  escolha…) que nossos filhos nos faltem com o
 respeito.
 À medida  em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos
 das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal.
 Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se
 comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido
 respeito.
 E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, à
 medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos
 foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais  são aqueles que conseguem que
 seus filhos os amem, ainda que pouco  os respeitem.
 E são os filhos quem, agora, esperam respeito de  seus pais, pretendendo
 de tal maneira que respeitem as suas idéias,  seus gostos, suas
 preferências e sua forma de agir e viver.
 E,  além disso, que os patrocinem no que necessitarem para tal  fim.
 Quer dizer; os papéis se inverteram, e agora são os pais  quem têm que
 agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso,  como no passado.
 Isto explica o esforço que fazem hoje tantos  pais e mães para ser os
 melhores amigos e ‘dar tudo’ a seus  filhos.
 Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do  passado encheu os
 filhos de medo de seus pais, a debilidade do  presente os preenche de
 medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e  perdidos como eles.
 Os filhos precisam perceber que, durante a  infância, estamos à frente de
 suas vidas, como líderes capazes de  sujeitá-los quando não os podemos
 conter, e de guiá-los enquanto não  sabem para onde vão.
 Se o autoritarismo suplanta, o  permissível sufoca .
 Apenas uma atitude firme, respeitosa,  lhes permitirá confiar em nossa
 idoneidade para governar suas vidas  enquanto forem menores, porque vamos
 à frente liderando-os e não  atrás, os carregando e rendidos à sua
 vontade.
 É assim que  evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e
 tédio  no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem
 parâmetros nem destino.
 Os limites abrigam o indivíduo.

Monica Monasterio  (Madrid-España)
Texto utilizado em Curso da PUCPR/Salas de Curso/Curitiba/Graduação


Quem nao tem medo de cometer os mesmos erros? E de fazer pior? E de nao fazer nada? Eu tenho... muito!


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