quinta-feira, 28 de julho de 2011

Das coisas q ninguem entende


depois que se perde um filho, é uma luta diaria conseguir acreditar que um dia você poderá ter um

Sim, eu entro hoje no oitavo mes...mas ainda cada corrimento me assusta, o panico de pegar doença, passar nervoso, tomar um tombo, sofrer um acidente... sei la, nao da pra simplesmente relaxar, eu sei disso... sei q cada minuto é uma prova de força a mais, q cada minuto bem é a prova q dessa vez vamos conseguir, mas é tambem o pavor de um raio de desilusao q caia pela segunda vez sobre a mesma pessoa.

Sei q todo mundo acha q ta tudo bem, q a médica diz q tudo é normal... mas quanto mais perto chego do momento de conhece-lo, quanto mais me ligo a ele, mais medo me dá de alguma coisa errada acontecer.

Sei q a "sabedoria popular" e a psicologia de banca de jornal", aconselham a enfrentar seus medos, a seguir a vida e cumprir seus compromissos q o tempo passa mais rapido e a gente distrai... (o q pra mim é uma farofada sem vergonha pra nos obrigar a servir a sociedade).
Mas a verdade é q eu só consegui seguir essa lorota de permanecer na anestesia social porque existe a merda do dinheiro(ou seja a falta dele)

O que ninguem mais sabe... é q eu só relaxo, eu só respiro e consigo acreditar um pouco mais facil q esta mesmo tudo bem, quando estou "curtindo a paranoia", sem o minimo de atividades, sem ninguem pra responder... só nossa vida, só assim prestando atençao a cada movimento da barriga, tendo no bebe e seus preparativos toda a minha concentracao e força de vida... como se  seja isso q faz a diferença para mante-lo aqui.

O que ninguem mais sabe, é q apesar da força q todo mundo acha q tive a vida inteira, cada vez q consegui recomeçar do zero foi sonhando com esse encontro; cada concessao q fiz, cada vez q calei minhas vontades foi pra alcançar esse filho mais rapido ou com mais "condiçoes".
Se "superei" a perda na primeira gravidez foi por um unico motivo... eu continuava viva; e pra mim é obvio q se eu ainda respirava é por q eu ainda tinha pelo q lutar.

Fora de nós cada pedra,cada pessoa, cada barulho... parece perturbar, ameaçar... e pronto pirei!
Eu nao tou aqui pra ser "bemsucedida", pra ser exemplo de nada, pra ter carreira, pra seja la q pqp q o mundo quer q eu seja... eu estou aqui pra ser a mae do Edgar, e com a permissao da vida mais uns dois depois.
Sim eu quero mais filhos, mesmo sabendo q por mais saudavel q seja eu nunca vou ter uma gravidez feliz e despreocupada como as q a gente "compra" nos comerciais.

Acabou minha consciencia de sociedade, dever, adaptaçao...
Nem to ligando pra nada de ninguem, q se virem, q ja q nao podem me entender se entendam... dessa vez eu nao vou me adaptar, e quem quiser q se adapte a mim!
Pirei mesmo, com P em negrito e caps lock!
Vou tacar a medica no paredao... pode me mandar atestado de ontem, de hj... sei la eu mais pra quando. e terça feira quando eu for pra consulta de monitoraçao ela q tenha arrumado um jeito de me deixar em paz... paranoia de mundo externo nao vai me prejudicar mais.
Chega, ele pode ainda estar guardadinho no meu ventre, mas ja tem o direito de ter uma mae feliz e carinhosa e nao uma pinel com raiva do mundo...
Ja sente a diferença dos gostos e merece comidinha  feita com calma e amor e nao na correria dos pre-cozidos e congelados ( tudo ebm q eu ando um desastre na cozinha e tudo salga demais ou queima ou fica cru... sabe aquela lenda de que mulher menstruada nao pode lavar a cabeça? acabo de crer q mulher gravida nao deve se aproximar do fogao)

Ja ouve o q acontece aqui do lado de fora e merece muitos rockabyes e ronronados em vez do monte de xingos e palavroes q a mamae ouve e fala (confesso q falo mais q ouço!) no trabalho.

Ja é sensivel a movimentos, e o q deve sentir sao banhos relaxantes e carinhos o dia todo e nao o peso do cofre q empurro ou as dez horas por dia sentando em bancos duros  e o monte de empurroes e espremidas q levo dos usuarios ( sabe aquela boa vontade e cuidado q as pessoas parecem demonstrar por uma gravida? pois simplesmente somem quando uso aquele uniforme... some nao, transforma pq parece q me usam de alvo, me sinto a galinha do atari tentando cruzar a rodovia!)

Resumindo, ele ainda nao se expressa, nem mesmo com o choro dos pequenos, mas ja merece ser tratado com todo o melhor da vida q eu puder dar.
Quero da chuva o cheiro de umidade e o barulhinho gostoso de relaxar, e nao o medo de ficar doente ou a tensao de nao chegar.
Quero das compras, poder imaginar ele rolando pelo chao com cada roupinha e nao a correria do relogio para o proximo compromisso.
Quero cheiro de enxoval de bebe e nao de peao com desodorante vencido.

Quero aproveitar nesse finzinho de gravidez, tudo q até agora tentei nao exagerar. Porque o medo eu sei q nao vai me deixar nunca, mas nao posso mais permitir q me transforme.


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